Japão presencia o surgimento de “homens herbívoros” e “mulheres carnívoras”

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Homens japoneses na casa dos 20 e 30 anos estão dando início a uma nova geração, em que o interesse por sexo e mulheres está sendo substituído por preferências antes relacionadas com o universo feminino. Chamados de herbívoros, esses homens ganharam destaque em 2009 após o termo que os denomina aparecer na lista das palavras e frases mais divulgadas na mídia japonesa, que também citou os termos “mulheres carnívoras” e “Otomen”, dos quais falaremos mais adiante.

Diferente de seus antepassados, os herbívoros tentam se afastar de estereótipos que antes caracterizavam o padrão masculino japonês, considerado muitas vezes machista e dedicado mais ao trabalho que à família. Sem preconceitos e preocupações com estigmas, os herbívoros assumem seus hobbies e gostos delicados, como fazer parte de grupos que discutem o preparo e o consumo de sobremesas,  discutir assuntos relativos à estética e passar mais tempo com a família.  Entre seus programas preferidos, está o dorama Otomen, baseado no mangá de Aya Kanno, no qual o protagonista Asuka Masamune – campeão de kendô e faixa preta em artes marciais- esconde sua paixão por costura e culinária para não decepcionar sua mãe exigente. Em contrapartida, Ryo Miyakozuka, interesse amoroso de Asuka, é um desastre em termos de trabalhos manuais e habilidosa quando o assunto é partir para briga.

A rejeição à vida competitiva no trabalho, a dedicação aos trabalhos manuais e diversos outros assuntos que antes seriam banais para homens ganharam  força com as épocas de estagnação econômica que assolaram o Japão nas últimas décadas. Maki Fukasawa, especialista que cunhou o termo “homem herbívoro”, diz que a atual geração demonstra repulsa às gerações anteriores, e que muitos dos herbívoros não querem repetir com suas famílias as mesmas situações pelas quais eles passaram. Um exemplo bastante citado é o fato de muitos pais que ficaram ausentes da vida familiar devido ao tempo dedicado ao trabalho e aos finais de semana com seus chefes.

Para contrapor os homens herbívoros, o Japão vê também o surgimento de mulheres carnívoras, com atitudes mais ativas quando o assunto é construir relacionamentos e procurar empregos melhores – graças ao maior comprometimento com a educação, as japonesas alcançam postos de trabalhos que permitem maior independência financeira, bem como o adiamento da maternidade e do casamento. Mas tanto os herbívoros como as carnívoras são uma ameaça à economia e à taxa de natalidade nipônica, que precisa crescer consideravelmente para evitar a falta de mão de obra e o envelhecimento da população.

Fonte: NPR

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